Demétrio Sena, Magé – RJ.
Se eu tivesse uma fé que me
levasse a orar, jamais teria uma oração decorada. Dessas que todo mundo admira
por seus termos corretos, a concordância em dia, o rebuscamento e a total
ausência de pleonasmos e vícios. Conheço minha emoção à flor da pele, quando
trato de assuntos não materiais; quando caio no campo dos afetos; dos
sentimentos ou instintos. Do que não se define pela intelectualidade ou a frieza
do conhecimento acadêmico.
É por isso que acredito mais nos
fiéis religiosos do que nos líderes, com todos os seus conhecimentos adquiridos
em seminários, onde o divino ou sobrenatural vira tese. Torna-se objeto
sistemático dos mais rebuscados estudos científicos que buscam explicações pela
lógica, sendo que nenhuma lógica explica o que deságua no campo da fé. E a fé,
como até eu sei, é o fundamento do que não se vê nem está preso ou sujeito a
provas, mas ao livre sentimento e aceitação sincera de cada um.
O verdadeiro conhecimento
religioso não é exatamente o conhecimento. Por isso é intuitivo e livre. Quem
conhece com o coração, conhece de natureza; de sentimento e percepção
profundos. Por isso, conhece mais do que aquele que aprendeu o que julga saber
nos bancos da formalidade. Por meio de catedráticos que também aprenderam de
outros catedráticos que ao longo dos tempos ou das idades do mundo fizeram da
fé uma ciência exata.
Além dos simples de formação, conheço
gente de formação acadêmica invejável, mas que tem essência e se mantém no
patamar de ser humano comum. Que se reconhece notoriamente, não por palavras,
mas por postura, um “perfeito” ignorante confesso dos assuntos que não são de
nossa alçada. Conhecem a literatura e a história humana segundo a Bíblia, no
entanto sabem que nada sabem além das abordagens, pois a Bíblia não é um tratado
que dissecou a natureza, o pensamento e a biologia do possível Deus.
Por isso a minha oração, caso eu fosse
religioso, perderia todas as arrotações do meu pretenso saber. Pelo menos
pretendo crer que assim seria depois do que já observei do nenhum saber humano
sobre o que não há como saber. Ouso crer que só é sincera uma oração submissa;
que não sai da mente. Ela é o coração gago numa voz sumida e sem convicção de
méritos. Oração é coração. Só falta o c.
Nenhum comentário:
Postar um comentário