segunda-feira, 1 de setembro de 2025

CULINÁRIA ALOPÁTICA

Demétrio Sena - Magé 


Quando vejo duas pessoas que tomam diariamente seus "tarjas pretas" travarem aquelas conversas sobre as maravilhas dos remédios que elas tomam, o meu pensamento viaja. De um lado, esta pessoa informa que o Losartana é ótimo; do outro, o interlocutor garante que o Captopril é um remédio sem igual; que o outro precisa experimentar. Ou se aquela elogia intensamente o Diazepam, esta quase grita que bom mesmo é o Rosuvastatina e ouve de volta que deveria experimentar o Alprazolam.

Em meu silêncio, chego a imaginar que o Losartana tenha sabor de frango assado e a fórmula do Captopril tenha bacon. Que o Diazepam seja temperado com alho, cebola e manjericão... o Rosuvastatina seja crocante, caprichado na fritura... e o Alprazolan, uma sobremesa bem cremosa, com cobertura de chantili. Em resumo, tais conversas me deixam com água na boca. Minha vontade é de procurar um bom restaurante, para me fartar de todas essas delícias da culinária médica alopática.

Entretanto, eu sei muito bem que o pecado capital da gula pode me causar alguns castigos traiçoeiros e devastadores. Então, prefiro me conter e ficar nos meus pecados periféricos da gastronomia modesta, com refeições e sobremesas bem mais leves, como Luftal, Dipirona, um sal de frutas... ou até um cardápio mais natural, à base de boldo, cana-do-brejo, canela-de-velho, quebra-pedra e outras delícias. Acho que, bom mesmo, é tentar não ouvir essas conversas que provocam o meu apetite.
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Respeite autorias. É lei 

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