Demétrio Sena, Magé – RJ.
Pelo visto, você acabou descobrindo que eu sou um ser
humano. Decepção; né? Não cabia em seu conceito, que um poeta romântico e
socialmente sensível tivesse lá seus arroubos de franqueza tosca. De crueza e
até de alguma injustiça. Ficou estampado em sua concepção distorcida, que um
brinquedo padronizado como eu jamais lhe contrariaria. Que a minha ingenuidade
como carrossel afetivo a manteria no lombo enquanto você quisesse... e sempre
do jeito que você bem quisesse.
Precisei derrubá-la de seu andor. Não por maldade, mas
por defesa. Em nome de minha pessoalidade; a manutenção de meu eu mais fundo.
Alimentar seus caprichos, mesmo involuntários, de quem quer e não quer, expulsa
e chama e no fim das contas não sabe a que vem ou não vem, fere frontalmente
minha natureza livre. Resolvida. Dona do querer que tem. Sempre de bem com os
próprios erros, acertos, defeitos e até virtudes que autenticam a própria existência.
No fundo, bem lá no fundo, não foi um problema para mim
você não saber o que queria. Isso é bem compreensível. Eu mesmo, tantas vezes
me flagro sem a menor ideia do que eu quero. O que me fez cair do poeta e ser
abruptamente humano, foi a renitência com que você forjou querer como eu, me
levando ao aparato ridículo de cena e cenário que serão sempre ridículos nas
esperas frustradas não exatamente de quem não sabe o que quer... mas de quem
não sabe o que não quer.
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