domingo, 5 de janeiro de 2014

SOBRE HOMENS DE FESTIM

Demétrio Sena, Magé - RJ.

O que mais caracteriza um homem (não importa sua orientação sexual, mas um homem), é a sua clareza de atitudes. O olhar firme que não foge dos olhos à sua frente numa conversa franca. Conversa franca, aliás, que também é típica do homem.
Um homem quer ou não quer, vai ou não vai, gosta ou não gosta. É ou não é. Não brinca nem joga de ser. Simplesmente é. Completamente é. Tanto é quanto assume, se assume, como sabe respeitar as diferenças que aceita ou não aceita. Caso aceite, lida com elas sem qualquer problema ou crise pontual. Caso não aceite, se afasta em definitivo do portador dessas diferenças. Depois disso, nunca mais o assedia, importuna ou persegue por ele não ter conseguido ser igual. 
E quando já não quer uma relação amorosa, o homem diz, com todos os verbos, que não quer. E diz ao vivo, de forma presente; não por telefonema, carta ou mensagem. Nem mesmo escondido em fotos que ele prega na barra da saia de uma página do Facebook, para fazer entender que não quer. Que já "está em outra" (ou em outro). 
Fazer uma mulher sofrer sem a justa certeza do que está acontecendo não é papel de homem. É papelão de moleque. Daqueles bem covardes, que sempre terão medo das consequências também justas do que fazem a si mesmos e aos outros.
Até mesmo para assumir que não é homem (no contexto sexual da palavra), o homem tem que ser homem (no contexto social da postura e do caráter). Usar uma namorada ou esposa como fachada para não sofrer as retaliações de uma sociedade preconceituosa, é ser pior do que toda essa sociedade, pois além de discriminar a si próprio, faz sofrer uma pessoa sincera e apaixonada, que tem seus erros e falhas, mas é sincera e apaixonada.
Ser homem não é exatamente ser hétero. É não ser etéreo; camuflado; sonso; fugidio. Um gay assumido e de bom caráter, postura sóbria, decente, responsável, é bem mais homem do que esses homens de festim, que não são nem deixam de ser.

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