Demétrio Sena - Magé
Sempre que estamos apaixonados, os nossos olhos e as nossas intuições quase nunca se desviam do que nos causa tal sentimento. Mesmo que a paixão tenha rótulo de ódio, medo e resistência, não há como escondermos de nós próprios essa realidade que nos aprisiona. É como uma sindrome de Estocolmo.
Não raras vezes, tudo que alguém apaixonado mais deseja é não estar assim; entretretanto, é algo inevitável. Quase sempre xinga, excomunga e faz de conta que expulsa; porém, chama cada vez mais, repete vezes infindas o seu nome, ainda que sem querer. Vê seu alvo de paixão em cada canto, em cada pessoa que incomoda e cada gesto fora da sua doutrina, que diz renegar esse alvo.
Quando começamos a ver o que chamam de diabo em quase tudo e todos que não coadunam com a nossa fé ou doutrina, e de repente passamos a repetir que "que o mundo jaz no maligno", é sintomático: já estamos contagiados por uma paixão inequívoca, distorcida e doentia por ele: o mito lutúrgico das trevas.
... ... ...
Respeite autorias. É lei
Nenhum comentário:
Postar um comentário