Demétrio Sena - Magé
A Raquel é chata, porque é muito "certinha". A Consuelo, "um porre", pois "com aquela honestidade insuportável", denunciou o Marco Aurélio e desfez um esquema de corrupção. O Afonso e a Solange? "Aff; é muita bondade junto; ninguém suporta!". "Que mala, o Sardinha! Esse aí ajuda a todo mundo, é um poço de ética, empatia e solidariedade!". Por outro lado: "Ah, o Marco Aurélio é Franco; a Odete é o que é; o César mostra a cara e a Maria de Fátima não esconde o mau caratismo...". "Esses dizem a que vieram!".
São alguns; apenas alguns dos milhares de comentários na web, sobre o penúltimo capítulo da novela Vale Tudo, da Rede Globo, nesta quinta-feira, que esses típicos comentaristas dizem não assistir e chamam de Globo Lixo. É possível saber, sem margem de dúvida, qual é o grupo que pensa dessa forma, considerando o tom de voz que nos vem à mente. Como dá para entender o amor doentio desse grupo pela figura lamentável que há menos de quatro anos ainda governava (ou será que desgovernava?) o Brasil.
Cada dia menos telespectadores entendem o que é denúncia, o que é fantasia, licença poética ou proposta de reflexão em uma novela, um filme, uma série, uma peça teatral, um seriado. Comentários bisonhos mostram isso. Da mesma forma, cada dia menos pessoas entendem as nuances de um bom livro, um poema, uma boa canção, uma obra de arte (quando leem ou veem). Menos pessoas, a cada dia, fazem qualquer leitura minimamente relevante ou elucidativa do mundo; a contemporaneidade; as atitudes; a vida.
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Respeite autorias. É lei
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