quarta-feira, 22 de outubro de 2025

DAS INJUSTIÇAS CONFORTÁVEIS

Demétrio Sena - Magé 


Há quem ache bem confortável manter um mal entendido com alguém, na condição de atingido. Isso dá bem menos trabalho do que tentar pôr as cartas na mesa, com esse alguém. Tirar a limpo, com toda a sinceridade que a situação exige, principalmente quando se trata de um ente querido. 

Abrir mão do protagonismo, para ser quem procura e precisa dirimir dúvidas, poderá demandar uma conversa franca, de olhos nos olhos, e isso pode causar uma distopia, como também uma situação constrangedora para quem possivelmente já desabafou com terceiros e construiu sua imagem de personagem irremediavelmente ferida.

Essa pessoa pode passar de protagonista a vilã e de quem deveria receber um pedido de perdão para quem deverá pedir, por causa da sua injustiça. Do próprio silêncio que por algum tempo não deu ao outro, a chance da ciência do que houve nem da elucidação, da justificativa e possível defesa.

Correr o risco de perder o seu posto de ofendido ou constrangido, para se tornar a pessoa que ofendeu ou constrangeu, exigirá uma grandeza e uma coragem raras entre os seres humanos. Arriscar-se a reclamar o possível banco dos réus não é para qualquer essência, consciência ou sensibilidade.
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Respeite autorias. É lei 

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