terça-feira, 19 de junho de 2012

HONESTIDADE SEM MEDO


Só por força de lei ou religião, a honestidade será sempre falsa. Quem aprende a não roubar tão apenas porque a lei proíbe, a polícia “pega” ou Deus castiga, pode até não fazê-lo, mas apenas por medo ou insegurança. No dia em que tiver certeza da impunidade, certamente o fará. É o que vemos acontecer diariamente com políticos, policiais, empresários e juristas, por exemplo, além dos ladrões comuns, no caso, aqueles que às vezes acabam presos. De qualquer forma, o caráter desonesto aflora quando a pessoa se vê acima da lei – como fazem os que deveriam trabalhar por ela – ou abaixo o suficiente para não ser vista.
Precisamos dizer aos que dependem de nosso exemplo e orientação, que a desonestidade avilta o ser humano. Quem a comete, ainda que não seja punido com prisão, processo, cassação, multa ou inferno, vai se juntar a outros desonestos para promover a ruína da sociedade. Uma sociedade na qual viverão – ou já vivem – seus filhos, que legarão aos netos e futuras gerações. Eduquemos nossas crianças para serem cidadãos honestos por formação; caráter; desejo de um mundo melhor, igual para todos. Um mundo no qual a felicidade seja um bem comum acima dos bens a qualquer custo.
Ao falar da desonestidade, creio não excluir outros crimes. De algum modo, ela passa pelos demais, porque pessoas honestas, tanto quanto não roubam valores financeiros e materiais, não subtraem vidas; não roubam esperanças; não atentam contra honras, pudores, éticas, ideologias e patrimônio público. Tampouco lesam a vez do próximo nem ocupam espaços que não lhes pertençam por legitimidade. Por isso nunca matam nem mentem. Muito menos se deixam subornar. Não traficam drogas ou influências. Resistem à tentação do “caixa dois”, ao enriquecimento ilícito, às facilidades tortas de qualquer natureza e aos mecanismos de humilhação, coação e ludíbrio sobre os mais simples.
Criemos assim os nossos filhos: Livres do medo e da intenção obscura ou sonsa do crime. De tal modo que eles não queiram cometê-lo ainda que certos do “sucesso”. Se dissermos que o bem é sempre recompensado, que o mal jamais triunfa e todo fora-da-lei acaba na cadeia, certamente seremos questionados sobre tantos criminosos, especialmente ocupantes dos poderes constituídos, que desconhecem punição e acumulam cada vez mais poderes, riquezas e até mesmo admirações distorcidas.
Que todos aprendam a desprezar o sucesso dos corruptos; a força dos violentos; o poder dos maus. Sobre todas as coisas, a covardia dos que se encorajam com a desvantagem do próximo e brilham sobre a desgraça de um povo.

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