terça-feira, 19 de junho de 2012

A LIBERDADE CONDUZ A VOCAÇÃO


Por ser bela e magra Celinha não tem que ser modelo, bailarina ou atriz não sendo este o seu desejo, e sim, o de sua mãe. Nada impede que a menina seja uma bela médica, professora ou química se houver vontade, apoio familiar e dedicação pessoal.
Da mesma forma, Chiquinho não tem que ser jogador de futebol para realizar o sonho do pai, que reconhece no filho as habilidades e o porte físico. Pode ser que um dia ele queira ser bailarino como Celinha talvez não queira, por decidir que será jogadora de futebol. Ou quem sabe, Chiquinho resolva ser apenas um executivo com boa forma física.
Nas artes, na literatura, no esporte, na medicina, política ou magistério são inúmeros os profissionais infelizes, incompletos ou incompetentes. Na maioria das vezes isto se deve à tirania velada ou aberta, suave e chantagista, ou dura, dos pais que sonharam por eles. Não os criaram para seguir caminhos próprios, mas os caminhos de suas frustrações. Pais frustrados, filhos também, depois os filhos dos filhos. Uma fila imensa de artistas que desejavam ser policiais. De juízes que desejavam ser artistas. Atletas que sonharam ser jardineiros. Parlamentares que só queriam publicar poemas ou executivos que dariam a vida por uma vaga de guarda florestal, quando era possível.
Nenhuma criança deve ser criada como quem terá de ser este ou aquele profissional específico, mesmo dando sinais de alguma vocação. Neste caso, é válido incentivar e prover de orientações e acompanhamento, mas não criar expectativas, cobranças nem compromissos. Talvez não seja uma vocação, porém apenas um gosto pessoal, um prazer amador passageiro ou duradouro, restrito à curiosidade. Ao passatempo. Ao exercício da intelectualidade, a preservação da saúde ou da cultura, dentro dos conceitos e limitações da faixa etária.
É bastante vezeiro na sociedade alguém atuar, compor, pintar telas, cantar ou esculpir, e fazê-lo por toda a vida, mas escolher como profissão algo totalmente oposto. Que realmente o complete, o torne realizado. É a tal veia profissional se sobrepondo à amadora.
Nesta ou naquela carreira, será bem sucedido quem não for pressionado nem exposto antes da hora. Quem puder "trocar de vocação" quantas vezes quiser, durante a infância, sem ficar marcado pelos adultos como criança que não tem personalidade. A formação do ser humano é realmente pautada por mudanças constantes.

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