sexta-feira, 1 de junho de 2012

VOCAÇÃO PARA POVO NO PEJORATIVO

Há um contexto pejorativo para o vocábulo povo: é o contexto comum aos que deixam de escrever a própria história para delegar tal tarefa exclusivamente aos políticos de mandatos. Quando vai às urnas, uma população despreparada não decide a seu favor o destino da cidade, estado ou país. Ao contrário, tão apenas entrega aos cuidados e caprichos de seus eleitos a caneta, o papel e a certeza de que os enredos desses representantes serão impostos e aceitos mesmo a contragosto.
Não há como ser diferente, se além de todas as facilidades citadas os políticos ainda recebem dos eleitores um cheque assinado, com os demais espaços em branco. Em poder desse cheque os prefeitos, governadores, presidentes e respectivos parlamentares fazem o que bem querem. Normalmente, o que eles querem não é nada bom para o povo, e sim, para eles próprios e suas famílias. 
O problema é que esse povo, geralmente simples, pobre ou miserável, analfabeto ou quase, é manipulado pelos maus políticos; maioria nos palácios e câmaras. É um povo chantageado por assistencialismos vinculados à duração de mandatos e que não asseguram dignidade; cidadania. Maus políticos não querem governar ou representar povos educados, cultos, conscientes de seus direitos e autossuficientes; com rendas próprias; livres para votar em quem arbitrem. Preferem ter nas mãos pobres coitados, dependentes eternos das cestas de caridades e serviços precários de educação e saúde, via comitês, que visam apenas manter velhos currais eleitorais.
São povos assim que não enxergam a corrupção avassaladora de seus eleitos. Ignoram que o dinheiro público lhes pertence, pois é público, e tem que ser usado para garantir a todos, uma vida melhor. Principalmente nos quesitos educação, saúde, cultura e geração de empregos. Tais povos perdem a dignidade ao aceitar o abandono e as migalhas daqueles que chegam “lá”, graças à sua acomodação. 
Quando deveria fiscalizar o poder, cobrar atuações verdadeiras e punir os autores de quaisquer desmandos, uma população desavisada reelege os canalhas ou elege seus protegidos. De uma forma ou outra, garantem um continuísmo que devasta qualquer país. Tem sido assim no Brasil e em todas as sociedades que, justo em razão disto, seguem amargando altos índices de miséria, injustiça, violência e analfabetismo. Atrasos imperdoáveis para o nosso tempo.
Constrange-me declarar que o Brasil se consagrou entre as nações mais corroídas por desmandos políticos premiados ao invés de punidos. Nesse contexto pejorativo da palavra, chego a mais melancólica das conclusões: O brasileiro é, sem dúvida, um dos povos de maior vocação para povo.

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