segunda-feira, 14 de maio de 2012

A ABOMINAÇÃO DA PREGUIÇA


Quem quer me ver desconfiado; até mesmo com preconceito de um indivíduo, diga-me que ele não trabalha e mesmo assim consegue viver: Come, veste-se, tem calçados e se diverte. Como se não bastasse, também goza de piedade, compreensão e, muitas vezes, prestígio entre certos grupos incautos.
Trago ainda o raciocínio lógico de minha mãe, meus avós e os amigos bem mais velhos dos quais me acerquei na adolescência: Quem não tira o sustento próprio do único meio honesto e viável de sobrevivência - o trabalho -, comete crimes ou delitos como roubo, tráfico, fraude, atividade miliciana ou exploração da fé pública. Em última instância, pratica atos que a lei não coíbe, vigia ou persegue, porém são desonrosos. Indignos de apreciação. É o caso dos que vivem de assistências ou assistencialismos, pequenas ou grandes espertezas ou às custas de pai, mãe, mulher, até amigos.
A desculpa eterna do desemprego nunca deteve os indivíduos de fato trabalhadores, que se mantêm a contento, constituem famílias e criam com dignidade suas proles. Essas pessoas trabalham dia após dia - não eventualmente, como fazem os biscateiros que aguardam trabalho em casa -, nos mais diversos expedientes criados pela coragem, a criatividade ou o talento, em nome da responsabilidade que rege o cidadão de bom caráter. Se as tais virações são duras ou brandas, braçais ou artísticas, não importa. São trabalhos sérios; constantes; honrados; com a grandeza de quem tem brio.
Admiro o operário e o executivo; o profissional liberal e o ambulante; o intelectual e o capinador; a estátua viva e o pedreiro; a doceira, a diarista e a secretária. Qualquer trabalhador, empregado ou não, mas que tenha compromisso diário com o que faz.
Abomino quaisquer desculpas para o não trabalho, quando elas partem de quem tem forças para se locomover. A preguiça é uma praga. Ela devora o que há de melhor na sociedade: A vergonha de ser miserável, parasita ou bandido.

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