sexta-feira, 11 de maio de 2012

PAZ CONFLITANTE


É penoso admitir, mas o nosso, foi o fim mais sem graça das minhas vivências que, aí sim admito, foram muitas ao longo dos meus quase cinquenta anos de vida. Acho estranho sentir que não há pesar, perceber que não tenho pranto a ser vertido, nem algo do tipo que possa pôr tempero na lembrança daquela cena de adeus. Ou que pelo menos fira estas carências naturais que me ocupam.
Na hora, confesso que até quis fazer drama. No entanto, me faltou talento para dar murros no espaço e esbravejar pragas. Debulhar uma saga de plena devoção e pronta entrega, para lançar no teu rosto as verdades do amor que já nem sei, de fato, se foi amor. Aliás, nem sei se vivemos mesmo qualquer verdade ou se aquele provável sentimento fez sentido. Afinal, a sua lembrança nega todas as saudades que tento impor ao meu coração vazio; redundantemente cheio deste vazio.
Tenho profunda raiva da raiva que jamais senti. Lembro-me do momento em que o mundo cairia sobre meus ombros e não foi assim. Fiquei como estava. Semelhante ao mundo, não caí; continuei meu rumo ao agora, como sigo para depois de não sei quê. Muito com quem, pois me fechei para todas as formas de busca sentimental, por sentir que nada mais importa para o meu coração dormente.
 Sinto muita estranheza por estar em paz. Uma paz incômoda, erma e sem substância ou essência... Uma paz, enfim, sem qualquer indício de paz. 

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