sexta-feira, 11 de maio de 2012

EDUCAR SEM PREGUIÇA


Nenhuma criança aos dois, três ou quatro anos de idade, que já frequenta escola ou creche, atende a uma necessidade sua, e sim, dos pais. Pai e mãe trabalham fora ou simplesmente se julgam incapacitados para lhe oferecer os rudimentos da educação no que tange a sociabilidade, os princípios básicos de convivência, higiene, coordenação motora e boas maneiras. Por isso delegam  demasiadamente cedo às professoras essa importante atribuição de presença, carinho, tato, cuidado e orientação.
Como tal transferência já se massificou e não queremos estar na contramão dos novos tempos, deixa estar. Para ser franco, ainda bem que as escolas se adaptaram a essa realidade, quer seja da escassês de tempo, quer seja da fuga e do despreparo dos pais no acompanhamento dos primeiros anos do filho.
Os novos tempos, no entanto, acabaram gerando outro hábito que não consigo aceitar, mesmo querendo ser moderno ou contemporâneo. Também cada vez mais cedo, os pais estão entregando seus filhos aos cuidados de psicólogos, por causa de variações normais de comportamento: birras pontuais, algumas crises de voluntariosismo, laivos de personalidade própria e gostos pessoais no vestir, brincar e apreciar programas televisivos. Tudo bem trabalhoso, mas contornável se houver menos preguiça, mais boa vontade, amor e disponibilização de pelo menos fatia do tempo que se tem em casa.
Se não começarmos a dar um pouco mais de presença física, atenção privada e exclusividade aos nossos filhos, eles serão educados apenas por profissionais. Suas formações terão as “assinaturas” de terceiros. Seremos tão somente os financiadores de suas carreiras profissionais talvez bem sucedidas, mas também de suas sagas humanas repletas de lacunas, bloqueios e carências.
Sejamos probos e justos nessa questão, e quando inflarmos o peito para dizer que precisamos cuidar de “nossa vida pessoal”, consideremos o seguinte: não há nada mais pessoal e intransferível para bons pais (apenas bons pais), do que zelar pela boa formação dos filhos, em sua totalidade.
Nenhuma das instituições que elegemos como substitutas - muito menos a igreja - poderá de fato suprir o espaço em branco deixado por nós, em nossos filhos, quando terceirizamos integralmente a formação dos mesmos.

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