quinta-feira, 17 de maio de 2012

A COPA E A PREGUIÇA NACIONAL


É muito frustrante aos meus olhos, ver que a preguiça de um povo está presente até mesmo no evento esportivo mais esperado pelo mundo inteiro. Especialmente pelo Brasil, que detém o maior número de títulos nesse esporte, que é o futebol. Uma preguiça que se mostra no desejo de que a seleção brasileira não enfrente em nenhuma etapa, especialmente na final, os adversários mais fortes. Há imensa torcida para que seleções como a da Itália, da Alemanha, da Inglaterra, sobretudo Argentina saiam da disputa, imediatamente, para que as coisas fiquem bem mais fáceis ou prováveis para “nós”.
Isso me faz lembrar aqueles vagabundos bem conhecidos, que sonham com dinheiro fácil, sem trabalho árduo. Muitas vezes sem trabalho algum. Aquelas pessoas cuja única esperança de um futuro melhor está nas apostas em jogos lotéricos ou na malandragem de lesar o próximo; nas virações desonestas de qualquer natureza, para viver bem. Quase tudo, menos trabalhar honestamente e merecer o que tem ou terá. Para ter consciência de que sua casa, seu carro ou bicicleta, seus bens, enfim, são frutos de seu talento, sua dedicação, seu esforço pessoal sem pular etapas necessárias à conquista.
Bater no mais fraco. Ter troféu e medalhas de honra ao mérito, ainda que sem mérito. Queremos vencer, mesmo sem convencer. Chutar o cão moribundo, espezinhar quem já está caído. Combater, fortemente armados, aquele exército combalido e sem armas, que alguma sorte fez sobreviver até então. É assim que desejamos ser campeões. Ser enaltecidos como heróis, desfilar sobre carros de bombeiros, ter enaltecida a nossa força. É bastante cômodo ser um herói, quando se pode terceirizar a vitória sobre o vilão ou simplesmente quando não há vilão, e sim, meliante comum a ser vencido.
O que não estamos observando é que, se um desses times considerados menores vencer os outros gigantes do futebol e vier a disputar com a seleção brasileira o jogo final, teremos à frente um novo gigante. Um grande time. Um adversário capaz que superou com esforço, espírito de luta e resistência os tais favoritos. Significa, então, que os nossos jogadores terão que trabalhar. Terão que ser fortes e capazes, para vencer. Teremos que assistir a um grande jogo, desses que desafiam a preguiça e a covardia de qualquer torcedor e não permite previsão segura. Nenhuma profecia inteiramente confiável.
Sinto muito por informar, mas nada é fácil como queremos, se de fato queremos o que é honesto, convincente e verdadeiro. Nenhuma conquista genuína é alcançada na sombra ou no jeitinho consagrado como brasileiro. Precisamos mesmo trabalhar, quer seja no futebol, nas artes, nas ciências, na construção civil, na lavoura ou atividades ambulantes. Sonhar com facilidades ou expedientes transversais que burlam caminhos próprios da conquista genuína só é adequado aos que fogem da luta. 
Buscar vencer uma competição contando com a derrota precoce dos maiores adversários é demonstrar um caráter semelhante ao de quem vive à custa dos outros. Espera sempre que alguém faça o trabalho mais difícil, para participar apenas do arremate ou finalização e receber o prêmio, como se tivesse mérito semelhante. Desejamos uma seleção premiada com mais um título, mas nem queremos saber se ela terá ou não merecido. Cultuamos nossos heróis, ainda que postiços; preguiçosos; ilegítimos. Igualzinho na política torta, distorcida e leviana que aprendemos a admirar, se nos favorece.

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