Demétrio Sena - Magé
Milhões de pessoas de todas as idades brigam na justiça pela inclusão do sobrenome de pai biológico em suas certidões de nascimento. Algumas delas até conseguem. De outras, esses pais fogem; litigam até o último instante, para não cederem seus sobrenomes. Uns pais têm famílias que não incluem esses filhos e "temem" reações familiares. Outros temem o envolvimento afetivo que resultaria eventuais necessidades de ajudar a esses filhos, como muitos esforços para se perdoarem e fazerem as pazes com o passado
Há os pais provedores. Que não deixam faltar nada de material, nenhum item de necessidade básica ou dão até muito aos filhos, mas negam carinho. Nunca dão atenção. São desnecessariamente rígidos e estimulam com seus comportamentos duros e agressivos, o machismo dos filhos, a subserviência das filhas à sociedade patriarcal. Tem ainda os pais presentes fisicamente, até bonzinhos, porém distantes; que manifestam um eterno tanto faz, com suas presenças ausentes que machucam os filhos. Há pais que os filhos e filhas veem espancando suas mães e também são espancados/espancadas por eles. E os que só se orgulham do possível sucesso material dos seus ou demonstram preferências paternas com esses critérios, o que gera muitos traumas filiais para toda a vida.
É muito comum conhecermos mães que também são pais, na ausência dos mesmos. Mas é raro conhecermos pais que também são mães, na ausência delas. Tem pais biológicos que na verdade não são pais. Ao mesmo tempo, tem pais adotivos ou padrastos que são puro amor; verdadeira paternidade. São dotados de plena capacidade afetiva, que recheia todos os flancos de filhos e filhas rejeitados ou cujos pais faleceram cedo. Armadilhas e acolhimentos da vida, que alegram ou entristecem profundamente alguns dias em especial, comemorativos ou não. Entre eles, o dia institucional dos pais.
Aos pais capacitados pelo afeto, pela consciência e a responsabilidade, sejam eles consanguíneos ou não, remeto o meu abraço e minha total admiração. E aos que renegam, maltratam, abandonam, discriminam e/ou manifestam seu tanto faz, remeto a minha moção pessoal de repúdio, como filho que cresceu sem esse amor, essa presença, essa responsabilidade afetiva que quando faltam, deixam um abismo dentro de nós. Esse abismo é administrável, com muitos esforços internos, mas nunca deixa de ser abismo.
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Respeite autorias. É lei
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