Por mais que despreze a quem faz intrigas – e desprezo profundamente –, ainda resta uma raspa de admiração distorcida pela espécie, no tacho de minhas náuseas. Admiração distorcida, mas é alguma coisa perante o nada, que por bem pouco não é seu caso. O fato é que o intrigueiro ativo tem certo espírito de liderança. Por essa característica, ele consegue envolver pessoas, e até grupos, numa rede que só as más línguas sabem tecer. E na qual apenas os maus ouvidos sabem fazer cair.
Não sinto nada mesmo, de tão insignificante que sua existência soa, é por quem acolhe a intriga. Se esse tipo de gente somasse alguma coisa para mim, seria nojo. No entanto, vivo tão longe dos intrigueiros passivos; tão ocupado para ouvir seus repasses em diferentes formas de expressão (como de falso pudor, falsa revolta, indignação ou seja lá o que mais), que nem lembro desses tipos... A não ser numa hora como esta, para transformar a lembrança em alerta, por um texto qualquer. Intrigueiros passivos não têm sequer o talento de importunar, quebrar meu sossego e minha concentração, como não têm capacidade para discernir entre o que é pura intriga dos ativos e o que tem alguma chance de ser uma verdade multiplicada por mil, na versão de um deles.
Falta personalidade ao intrigueiro passivo. Ele tem preguiça de raciocinar sobre a coerência da intriga; de oferecer ao alvo a chance de se defender, se for o caso. Também lhe falta coragem para desmascarar quem faz a intriga, tão logo sabe, ao acaso, do fundamento que ela não tem. Simplesmente obedece, acredita e é grato, muitas vezes dissolvendo amizades sinceras, quiçá antigas, com quem não faz idéia do que está acontecendo, e quando pergunta não há resposta inteligível.
Fugir sempre da maledicência... Passar longe da intriga e do que a faz ou acolhe... Isso é ter a sabedoria dos bons viventes. Ambos os tipos de intrigueiros não valem nosso crédito. Se contra o ativo ainda cabem medidas judiciais, em alguns casos, contra o passivo nada cabe. Ele não merece nenhuma preocupação, nem mesmo nossas defesas ou explicações não solicitadas pela sua covardia. Sequer faz a jus a ser esquecido, porque não merece a graça de ser lembrado.
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