segunda-feira, 12 de novembro de 2012

EU, GRILOS, ESPERANÇAS E SAPOS


Ousada como só ela, uma esperança pousa na varanda. Por um momento esqueço todos os grilos de minha mente, para me permitir a leveza de observar o inseto que não sei quando, virou símbolo dos que acreditam. Dos que avançam sobre os percalços, na busca de seus ideais.
Engraçado. Irônico até, que um bichinho tão frágil - semelhante a uma folhinha de grama - represente o que dá sentido à vida; revigora os desejos; reanima os sonhos. Ao mesmo tempo em que teço comparações, nem percebo que o tempo corre, a vida passa e sobrevivo. Deixo a pressa num canto, esqueço compromissos e dedico ao momento a presença requisitada pelos que me amam, são amados, mas nem sempre atendo. Minha pausa não emperra o mundo. Ele continua girando e as cotações das bolsas estão exatamente como estariam se ao invés da esperança, um pouco espinho estivesse na varanda.
De chofre, a chegada silenciosa de um sapo ao jardim escasso logo à frente sobressalta o inseto, que não aposta na sorte: Voa para longe dos meus olhos e pareço acordar de uma hipnose. Confiro as horas, me ajeito, ligo para saber da Júlia e da Nathalia, pois nenhuma delas está comigo nesse dia, e saio. Vou retomar meu trabalho, meus projetos, os sonhos e as esperanças que não pousam na varanda: São crias da minha disposição para viver. Do amor e o compromisso de criar minhas filhas. Também do amor pelos meus irmãos.
E os sapos que se cuidem: Minhas esperanças não são insetos que sapo engole. Desde que passei a me reconhecer como cidadão, minhas esperanças engolem sapos. Tantos quantos precisam para que a morte, silenciosa, não se adiante à culminância dos meus projetos de vida.

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