segunda-feira, 12 de novembro de 2012

PRIMOGÊNITA


(Para Nathalia)

Chega o ponto em que furas este meu cerco de cuidados, temores e vigílias. O momento em que perco a velha utopia do poder sobre as milhas do mundo que te arrebata e vais de bom grado... Não tens temor.
Meio choro e sorrio. Sinto no fundo essa mistura de amor, orgulho, egoísmo e medo que se combatem. Que se atritam à sombra da realidade sem saída. Desta hora em que a vida não pede: Chega plena de si, e devidamente paramentada exige a tua mão... E não aceita um não como resposta.
Levam-te as horas crescentes dos teus estudos. Levam-te as vias da formatura e do futuro mercado de trabalho. Também te leva o primeiro amor, que rapta o tempo restante; a mente; o coração. Minha lupa está gasta, embaçada, meus olhos te alcançam cada vez menos.
Tudo faz entender que preciso abrir meu peito. Confiar nos teus pés; nas tuas asas. Apostar nos valores em que acredito e dos quais te fiz herdeira, para que também herdes um mundo sustentável.
Já entendo que, doravante, nada mais será do meu jeito. Rendo-me aos fatos, acalento meu coração, mas me permito a última exigência, e nisto, quero que me obedeças: Que sejas feliz... Para sempre feliz.

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