terça-feira, 28 de agosto de 2012

COMO QUEBRAR UMA EMPRESA


A ostentação de superioridade hierárquica gera baixa autoestima dos funcionários mais simples, que são a maioria. Essa baixa autoestima trabalha em silêncio na produção da revolta que, por sua vez, interfere diretamente na produção funcional. Nenhum chefe ou diretor inteligente gera guetos no ambiente de trabalho, pois isso há de gerar prejuízos ou impedir lucros que são muito maiores quando os trabalhadores atuam satisfeitos.
Gerar guetos é, por exemplo, criar dois ambientes no refeitório, de modo a deixar bem claro quem é quem, pela diferença de cardápio; ventilação; decoração; claridade. É proibir aos mais simples, tão só aos mais simples, manifestações de alegrias que não interferem no expediente. Expor as desigualdades funcionais com diferenças gritantes e constrangedoras nos armários em que são guardados objetos e roupas. Na diferença da higienização dos setores de trabalho, dos banheiros e das áreas de lazer. Em qualquer item que vise apenas estabelecer diferenças sociais dentro da fábrica, do supermercado e de outros complexos.
É claro que existem funções diferentes, escalas, hierarquias, líderes e liderados dentro de qualquer setor da sociedade. O que não pode haver é a distorção que transforma hierarquia funcional em desigualdade humana. Que faça no ambiente laboral aquilo que é feito no dia a dia do mundo cão, que por isso mesmo está cada vez pior. A geração de guetos gera conflitos. Conflitos emperram progressos. Atrasam expedientes.
Funcionários que trabalham contentes e com autoestima elevada fazem mais do que são obrigados. Produzem mais do que as cotas a serem batidas. Colaboram sem que ninguém lhes obrigue, para tirar a empresa de uma eventual crise, atuando fora de seus setores, quando necessário. Fazem da empresa uma família paralela, que não querem ver desfeita ou falida. Para esses funcionários, o seu local de trabalho é bem mais do que a fonte de sustento de suas famílias consanguíneas. É o seu patrimônio de cidadania. Sua identidade honorária. É onde se sentem pessoas honradas; importantes para si próprias e a sociedade.
Nenhuma empresa sobrevive sem a maioria, que são os trabalhadores mais simples. Os braçais; os operários; os balconistas; o grande elenco. Isso é tão certo quanto nenhum corpo se move sem o esqueleto. De nada valem a pele; a carne; o filé de nenhum complexo fabril e comercial, se os seus ossos tiverem osteoporose. Se os chefes forem tiranos e arrogantes, os comandados não serão obedientes... Serão sonsos e imprevisíveis.

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