quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SOBRE A MANGA


Do que mais gosto na manga é o seu formato atrevido. Ele me sugere a indecência de uma libido na mina inesgotável dos meus sonhos, fantasias e projetos carnais. Isso acontece, quando a fruta lambuza o meu rosto com seus pêlos macios. Plenos de mel. 
Quanto mais bolino a manga, na intenção de sorver o melhor do seu sabor, mais fantasias ela traz. São mil imagens que jorram, ao deslizar entre as mãos, como que brincando em movimentos bem próprios, que parecem não depender de mim. Leveza de fêmea que arde; geme; sussurra nos ouvidos de um felizardo.
Por estas e outras razões, afirmo que a manga é mais feminina e sensual do que a maçã. É ávida, ciosa de gestos que a desnudam com cio. Com o mesmo cio se lança vertiginosamente na ordenha de suas delícias. Deixa-se absorver pela gula, o desejo de mais e mais, a exploração do infinito em momentos breves, porém intensos.
Na extremação do gesto com que absorvo seus sabores, parece até que sussurro em seus ouvidos coisas que a faço entender. Eis a minha impressão quando a fruta, bem dengosa e melada, claramente goza nos meus lábios que se fundem a ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário