quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A MÁXIMA DO ERALDO


O Eraldo era poeta. Só podia ser. Ou não teria encontrado a sublimidade com que arrancou do seu âmago, talvez do seu inconsciente, a beleza mágica do que me disse naquele dia. Uma frase curta, mas de grande sentido, que armazeno carinhosamente na coletânea íntima das máximas inesquecíveis que ouvi até hoje..
Já faz tempo considerável, trabalhávamos juntos; na mesma empresa. Um dia, quando saímos bem mais cedo, resolvemos caminhar na praia, que não era distante. Nos nossos poucos minutos de conversa informal, não houve como deixar de perceber o romantismo do meu colega: Ela fazia pequenas pausas, lançava os olhos no azul do firmamento, catava conchas e atirava pedrinhas ao oceano, para vê-las quicando no espelho das águas calmas e cristalinas de Maricá. 
Em dado momento Eraldo para. Seus olhos parecem viajar para mais longe... Vai pescar uma inspiração que já é sua, mas parece guardada no infinito... Numa onda longínqua... Quiçá nas correntes brandas da brisa vespertina que acaricia especialmente os seus cabelos. Logo surge um brilho mais forte na sua expressão suspensa; extasiada. Então ele suspira fundo, como que por prelúdio, e fala como quem sopra suavemente a mais doce das melodias:
- Puta que pariu... A natureza é linda pra cacete.

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