segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AMIGOS AMANTES


Algumas amizades entre dois gêneros, invariavelmente aquelas mais intensas, precisam ser veladas. O mundo não entende nem perdoa os afagos dessa natureza. Os que vão bem fundo e mesmo assim não caem no lugar-comum da paixão. Aqueles cujos laços criados nunca chegarão a ser nós.
Casamentos de afetos extra carne. Trata-se de almas gêmeas, nem por isto siamesas. Trocam gestos, palavras e segredos, viram presas de olhares inquietos e acabam se recolhendo. Com isso, confessam crimes que não cometem. Confirmam todas as previsões no fundo não confirmadas, por meio de fugas dos flagrantes que não seriam flagrantes, não fossem os decretos populares. 
São amigos amantes, tais amigos. Amam muito – se é que se pode aplicar intensidade ao amor –, mas não fazem amor, propriamente. Pode ser que o façam, até, mas não fazem novela do fazê-lo. Não estabelecem rotina; plataforma nem porto; segurança ou seguro; certeza ou certidão.
Amigos amantes têm sim, um selo informal de probidade, mas de fato informal. Tanto, que se pode romper sem ser improbo. São amizades eternas, pelo não compromisso da eternidade. Sabem ambos, que a eternidade pode acabar logo ali, quando se tiver que optar entre amigo/amiga e cônjuge.

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