segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CHEGA DE GENTE QUE TROTA


Tenho dificuldades para crer que um indivíduo chega ao ensino superior sem ter evoluído nada ou quase nada. Ou mesmo tendo involuído, como é o caso desses delinquentes que não se importam de ferir, ás vezes matar, apenas pelo prazer de um trote violento, sem propósito e razão. As últimas notícias sobre consequências drásticas, às vezes trágicas de trotes que alguns calouros têm sofrido nas universidades me deixam desanimado com o poder que falta à educação que recebemos nas instituições de ensino, de nos tornar melhores, sociáveis, modernos e humanos. Que moderidade perversa move os nossos jovens, levando-os a praticar vandalismos como esse, piores do que pichar e destruir patrimônio o público? A cada dia percebemos que não vimos tudo em termos de selvageria humana. E nos espanta perceber que nas escolas, em especial nas universidades ocorrem alguns dos atos mais hediondos do ser humano contra o próprio ser humano.
Falta algo. Não; falta muito em nosso sistema educacional. Será que os educadores têm mesmo que limitar seu trabalho ao ofício frio e metódico de intelectualizar? Será que não temos, mesmo com salários defazados, vítimas de injustiças sociais pelos nossos governantes e marcados pela falta de condiçoes de trabalho... que fazer algo mais do que ensinar disciplinas instituídas? Acho que deveríamos ir além da burocracia educacional, na tentativa de formar cidadãos. No desejo sincero de entregar às universidades jovens capazes de refletir como pessoas, e assim considerar o outro como alguém digno de respeito. Não precisamos ensinar amor, porque isso não se ensina, mas podemos ensisnar civilidade, ressuscitar, de forma oficiosa e sem burocracia, a velha "moral e cívica", sem moralismos, mas com profundo poder de reflexão sobre direitos e deveres. Deveres além dos cristalizados como "do consumidor" ou quaisquer outros que visem tão somente os processos indenizatórios que fazem mais bem ao ego (às vezes ao bolso) do que ao espírito íntimo de cidadania e de humanidade. Creio que deveríamos separar nossas brigas contra o governo de nossos atos como educadores, preocupados com um mundo melhor. Até mesmo com governantes e parlamentares melhores, formados por nossa consciência e pelo desejo de um mundo melhor. Responsabilidade social não passa pelas brigas de classes ou sindicais. É algo pessoal e intransferível, como nunca esquecemos que as nossas senhas bancárias e cartões de crédito são. Podemos "bater" em nossos patrões e proteger nossos alunos.
Se passarmos a nos preocupar com os jovens que entregamos às universidades, sabendo que eles podem ser os futuros "veteranos" das universidades onde nossos filhos serão os futuros "calouros", seremos bem mais preocupados com esse detalhe do educar para o mundo, e não apenas para o mercado de trabalho. Mais ainda; se virmos cada jovem com essa preocupação,  faremos tudo o que pudermos para que nossos descendentes herdem esse mundo com o qual sonhamos hoje... sempre o hoje, porque estamos aqui e somos egoístas. Só a nossa mudança de consciência e postura será capaz de garantir uma sociedade que não trota. Se estamos "andando" para isso, já estamos trotando. Nossos passos são trotes e nunca serão capazes de ajudar a compor uma sociedade que realmente caminhe. Formemos cidadãos. Deixemos os trotes para bichos de cascos. Animais sociais precisam ser melhores. E com urgência.  

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