quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MINHA CIDADE


Iniciaria estes escritos dizendo que o povo é imprevisível. Não; não é. Nós é que gostaríamos que fosse, para que houvesse a esperança de uma surpresa, nestas eleições. Se houvesse tal surpresa, muitos dos homens maus, mesquinhos e fúteis que sempre incharam a oficialidade mageense não seriam reeleitos. Também não seriam eleitos os seus afins, pessoas que têm as mesmas práticas escusas aprendidas ao longo dos anos de convivência direta com os detentores comuns do poder.
Um homem honrado, que acredita e aposta no trabalho; vive de forma decente e modesta; mantém-se longe dos negócios e amarrações menos apreciativos, dificilmente será eleito prefeito, deputado, vereador, síndico, presidente de associação, sindicato ou seja o que for, na nossa cidade. Se ao invés de oferecer cesta básica, pão e leite em filas intermináveis, preferir criar condições de emprego e renda, esse candidato não terá chance. Também não terá chance, o candidato que opta por lutar para que a cidade tenha um sistema eficiente de saúde e não por prestar favores pessoais em comunidades que por isto mesmo serão sempre carentes. Da mesma forma, aquele que oferece bailes funk na praça, mais tantas outras formas de contracultura, em detrimento da educação de qualidade, será sempre bem sucedido. Pelo menos por longo tempo.
Exatamente por culpa dos políticos de sempre, que estabelecem esses currais e mantêm o povo escravo de seus caprichos e esmolas, temos um povo viciado e indisposto para a peleja por uma cidade melhor. Um povo que se acomoda sendo tratado como mendigo, inválido e idiota, ou que se torna tudo isso, de tanto se deixar tanger por esse caminho. É lamentável saber que existem homens de bem, dispostos a oferecer ou ser intercessores da dignidade, da cidadania e do bem estar, que por isso mesmo jamais serão aclamados representantes do povo na máquina poítico-administrativa das cidades; dos estados; do país. Do mundo.
Magé sofre, de forma crônica e aparentemente incurável, desse mal. Somos a cidade do atraso, da ignorância, da violência moral, dos maus costumes políticos, do medo do novo e do futuro. Sobretudo, o medo de nossos políticos, nossa polícia, nossa justiça. O medo de nós mesmos, redundando nessa acomodação que nos faz pensar que está bom assim. Não contamos com o Ministério Público, a OAB nem qualquer outro órgão que deveria garantir nossos direitos e defender nossa honra cidadã, porque esses órgãos também parecem ter medo. Eles não têm força ou peso para coibir os abusos, as covardias, as sacanagens que os nossos políticos nos impõem no dia-a-dia, certos de sua impunidade, confirmada em todas as instâncias.
Gostaríamos, também, que a justiça fosse imprevisível, para nos surpreender com... A justiça, de vez em quando, ao se tratar das figuras  que detêm os poderes político-econômico-social deste município. Pode ser que esta figurinha que ora desabafa, amanhã mesmo seja punida, pelo desabafo, o que é previsível. Mas os poderosos continuarão, até quando não sei, fazendo o que bem entendem por aqui. Não falo de corrupção ou coisa similar, do judiciário, mas de fraqueza mesmo. Uma inércia, um cruzar-de- braços, uma impossibilidade misteriosa para mim.
Quisera o mundo; o ser humano; quisera eu fosse imprevisível. Todos nos surpreendêssemos pessoas melhores, para que o mundo tivesse a chance de ser melhor um dia. Para que a vida passasse a fluir menos pesarosa e amarga. Tenho esperanças. Lentas, pálidas, vacilantes, mas tenho.  

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