sábado, 18 de fevereiro de 2012

MUNDO SEM SURRA


Curiosa, minha filha Júlia, de três anos me perguntou com ares de segredo: "Pai; o que é uma surra?". Gaguejei. Baixei a voz e quis saber onde ouvira tal palavra. Ela disse que um coleguinha na escola em que a mãe trabalha cofessara ter levado uma. Pelo tom da voz, a Júlia entendera que não era boa coisa, e certamente o coleguinha surrado não fez expressão alegre ao dar a notícia.
Não tive coragem de dizer. Talvez devesse fazê-lo, não sei o que diriam os "educocratas", mas não tive. Convergi nossa conversa para coisas mais produtivas. Com o tempo, a Júlia saberá o que é uma surra, não graças a mim. Na verdade, fico feliz por ter uma filha que vive num mundo (o de nossa casa) que ainda não registrou a palavra em seu glossário de práticas.

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