segunda-feira, 23 de julho de 2012

A ETERNIDADE TRANSITÓRIA DO AMOR


É uma pena que ontem não é mais ontem... Bem cedinho tornou-se hoje, para me fazer constatar que te foste. Que já não estás ao meu lado e não terei os teus traços dormidos para requentar no mormaço dos meus beijos. Resta esperar que o dia passe, outra noite adentre minha solidão, para que retornes do cativeiro das convenções... Fujas mais um pouquinho e te refugies comigo, até que as horas inevitáveis te resgatem.
Disseste que virás amanhã. Pena que hoje, sem nenhuma piedade ainda é hoje... Um agora pesado e lerdo no meu anseio; minha saudade. Meu desejo incendiário de violar o lacre da tua embalagem social, de modo a revelar o quanto és minha, mesmo não sendo. Mesmo eu não tendo a tua escritura, os impostos em dia, os carimbos da oficialidade que pretende autenticar o amor, mesmo depois de findo... Sob os laços de presentes e presenças desbotados... De velhos tempos que só as fotos atestam.
Não faz mal... Tenho tua promessa. Sei que hoje terá de ser amanhã. Se já fosse, nós estaríamos lá, como logo estaremos... Assim que o futuro se nos der de presente, na medida real da expectativa do fogo... Até que o presente, ou ex-futuro, caia no lugar comum do passado, ex-presente, para que “a fila” garanta sua rotatividade. Agora entendo que amores podem mesmo ser eternos, mas trocam de corações e alvos. 

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