segunda-feira, 16 de julho de 2012

COMPROMISSO ALÉM DA FORMALIDADE


Por acaso, o delegado que acessava um dos caixas eletrônicos da loja de conveniências percebe algo suspeito. No caixa ao lado, um homem usava pelo menos uma dúzia de cartões. Aquilo despertou seu instinto policial. Ele foi lá fora, viu se alguém esperava pelo indivíduo, voltou e fez plantão na porta de saída.
Depois de uma longa espera, o delegado vê seu suspeito acomodar o dinheiro numa polchete, os cartões numa carteira e deixar o caixa. Sem titubear o aborda, já do lado de fora, mas com cuidado e discrição. Sabe que apesar das fortes aparências há uma chance, mínima que seja, de estar enganado. Quer também evitar uma possível situação de perigo para quem passa.
Funciona, e suas suspeitas se confirmam. O homem não reagiu. Seus cartões eram clonados e ele não trabalhava sozinho. Foi preso, delatou comparsas e a quadrilha foi desmontada. No dia seguinte o caso estava nas páginas de jornais, revistas e sítios eletrônicos, e ocupava os noticiários de rádio e tevê. Notícia que não seria notícia, se o compromisso ético, social e humano de todos nós estivesse cotidianamente acima da frieza institucional.
Numa das entrevistas o delegado afirmou que, naquele dia, formalmente não estava em serviço. Mas que nada o impedia de agir, pois é um policial a qualquer hora, em qualquer lugar. Não pode fingir que não percebe um ato criminoso.
Seria bom para o mundo se todos os policiais, médicos, políticos, juristas, educadores e cristãos não os fôssem apenas nos presídios; hospitais; gabinetes e tribunas; tribunais; escolas; templos... Muito menos em dias e horários restritos aos seus expedientes profissionais, humanos ou religiosos.

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