segunda-feira, 16 de julho de 2012

FARMÁCIA DE BEBUM


Marquinhos, esposo de Branca parecia desolado: Ferira o pé, por pisar em um prego, e doía muito. Perguntei se tomara injeção antitetânica, e respondeu que não. Que não acredita nessas coisas. Continuou gemendo baixinho, sentado na calçada em frente a sua casa. Contemplava o pé inchado, brilhoso e vermelho, sem esboçar qualquer atitude para resolver o problema.
Branca foi até o portão, olhou para mim com ares de quem já fizera tudo para convencer o esposo a ir ao posto médico, mas não disse nada. Voltou para dentro, e logo depois decidi fazer uma nova tentativa com o Marquinhos: Falei de forma bem didática sobre como a injeção é importante. Cheguei a dizer, disfarçando minha impaciência, que antitetânica não é reza, pajelança nem qualquer outra forma de crendice.
Ele deu mais dois ou três gemidos, mas resolveu despertar, como se a palavra crendice lhe dissesse algo de proveitoso. Em minutos, aquele que não quis tomar a injeção recomendada foi atingido por uma injeção de relativo ânimo. Lavantou-se, anunciando com voz ainda baixa, porém firme, que não ficaria mais entregue ao acaso, vendo a sua saúde ameaçada.
 - Vou ali na barraca do Galdino... Depois de umas seis ou sete cervejas, tenho certeza de que melhoro.

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