domingo, 1 de julho de 2012

PAIS E FILHOS


Filho é vida pessoal. Mais pessoal e intransferível do que senha de conta bancária, cartão de crédito e sites de relacionamentos. Não há como cortar esse cordão umbilical que nos liga pelo amor, se de fato existe. Quem vive essa realidade não é o bom pai nem a boa mãe... É simplesmente o pai... Ou a mãe. Basta ser, em essência. Na exata medida que a natureza provê, quando não falha em nós.
A desnatureza nos faz dizer que temos de cuidar primeiro daquela vida pessoal que diz respeito ao romance com alguém estranho aos nossos filhos. Só depois, caso reste algum tempo, cuidar dos filhos, porque afinal, dizem que eles crescem, e no futuro, cada um cuidará de si. Dito assim, até parece que não teria de ser. Que não é natural. Que não criamos os nossos filhos para eles criarem seus próprios, que mais tarde criarão também os seus.
Aprendi com minha mãe, que foi simplesmente mãe, e não de um nem três, mas de nada menos que dez rebentos, que filho é prioridade. Se ele for preterido em razão das nossas carências em princípio meramente sexuais, aprenderão a fazer o mesmo. Isso tem ocorrido como nunca: Filhos preteridos preterindo os filhos... formando esta sociedade que atropela etapas vivenciais em nome da pressa de seus egos à flor-da-pele.
Quem ora escreve tais bobagens talvez, é um pai convalescente dos próprios atropelos e desníveis. Peço ao júri do meu cotidiano, que me absolva; não pelos atropelos e desníveis, mas pela não reincidência. Releve minha teimosia em ter os filhos, no presente, como prioridade vital. Vida pessoal absoluta; intransferível. Realização desarmada, sem o pavor das ditas ingratidões ou dos calotes afetivos filiais... Da sonegação de resultados quaisquer.
O tal do novo amor aguardará mais um pouco... Talvez mais um muito, para ser assumido como definitivo. Minhas carências nunca mais pularão etapas imprescindíveis às carências de quem precisa muito mais de mim, neste momento, e ao inteiro dispor... Sem transversalidades. Desta vez, ser um pai supletivo não me apaziguaria. 

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