quinta-feira, 12 de julho de 2012

DESCULPAS PARA DIRIGIR ALCOOLIZADO

Quando Marcílio expôs ao grupo as burradas que um indivíduo alcoolizado, mesmo que levemente, é capaz de fazer no trânsito, a reação de Cosme foi passional. Iniciamente aos gritos, o beberrão da turma disse que "não é bem assim". Defendeu que o "bebedor consciente", ao dirigir depois de umas doses até melhora os reflexos, tornando-se capaz de sustar acidentes inevitáveis ou mesmo destinados ao motorista sóbrio.
Segundo Cosme, quem antes de beber já sabe que vai dirigir, bebe com o compromisso de redobrar a atenção na estrada. Fica mais cauteloso, arguto e desenvolve uma capacidade sobrenatural de se desvencilhar dos nós e as armadilhas que o trânsito intenso prepara. Perante olhares ainda mais espantados, fechou a questão jurando que, na verdade, graças ao álcool fervilhando no cérebro e nas veias foi que ele escapou de muitas situações complicadas, estando ao volante.
Não sei qual foi a impressão geral causada por aquela conversa ou palestra, mas posso garantir que saí de lá me sentindo atropelado por tantas palavras mal dirigidas. Mal digeridas, também, pela minha rejeição a tal conceito equivocado e desastroso, absorvido por tanta gente país e mundo afora. Disseminado com tamanha segurança, por pessoas que não amam a própria vida. Muito menos a do próximo e de seja lá quem for.
Marcílio também saiu frustrado. Levou consigo a mais tristonha certeza: Daqueles ouvintes, os menos favorecidos de cérebro, mas que por algum motivo ainda não dirigiam alcoolizados, passaram a fazê-lo. Foram convencidos pelo "sábio" Cosme, de que a cerveja, o choppe, a cachaça e companhia são aliados perfeitos de quem dirige. Contra a estatística da realidade nessas cabeças, nada melhor do que a bestatística de Cosme. 

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