terça-feira, 20 de dezembro de 2011

JAPONÊS DA PÁTRIA É FILHO


Assustei-me com matéria recente que mostrava executivos japoneses fazendo curso para aprender a sorrir mostrando os dentes, como fazem os brasileiros. A intenção, abrir portas para conquistas mercadológicas pelo comportamento expansivo, a simpatia brejeira e a lábia (esta última, por minha conta).
Não vejo o que os japoneses tenham por aprender conosco em termos de conquistas desta natureza. Devo ainda confessar que sou fã extremado da simpatia polida; o sorriso brando e sincero que banha os lábios e os olhos do japonês; a humildade nunca simplória dessa gente; a honestidade que a caracteriza, sobre todas asa coisas, além de sua disciplina e seu apego ao trabalho.
Esse conjunto formidável de qualidades humanas e laborais foi que levou os japoneses a renascer das cinzas e da poeira atômica, reconstruir o país do nada e torná-lo a potência que hoje é. Tal conjunto abriu o mercado mundial, ganhou prestígio e confiança e pôs o Japão no mesmo grupo, em termos de progresso, do país que o destruiu.
É o brasileiro que tem muito a aprender com o Japonês, para ganhar corridas mercadológicas em todo o mundo. Inclusive a sorrir com mais brandura e sinceridade, mostrando menos a dentadura e mais a transparência dos olhos. Há que se aprender da humildade e da gentileza; do espírito pacifista e da paciência; da superação pelo trabalho e da solidariedade que esse povo desenvolveu.
Os japoneses não precisam, pela natureza do seu humor, temer "ocidentes" de percurso que lhes fechem as portas. Nós é que precisamos tanto nos orientar quanto nos orientalizar com eles na busca de horizontes e de um futuro que sorria para os nossos sonhos.
Foram eles, não nós, que desenvolveram receitas de vida após a morte. Transformaram a "rosa radioativa" em couve-flor. Fizeram de seu país, particularmente, um MUNDO melhor para se viver. E se hoje sorriem para nós, não de nós e do nosso sorriso comercializado, é porque são gentis e se condoem do quanto rimos de nós mesmos e do nosso escombro sócio-político.
O Japão, entre todas as nações acolhidas Brasil, é talvez a única potência que não precisamos temer. Trata-se de um país que planta sua tecnologia, sua sabedoria agrícola e outros conhecimentos entre nós, como política de partilha e troca. Jamais como táticas de monopólio e dominação pelo poder econômico, religioso ou bélico.
Aos imigrantes da "terra do sol nascente", o sorriso gratuito de cada brasileiro que reconhece o seu valor e as contribuições, entre elas a cultural. Por feliz coincidência, um dos nossos mais belos hinos tem no primeiro verso o som de "japonês da pátria é filho...".

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