domingo, 18 de dezembro de 2011

O BOOM (OU POOM?) DA EDUCAÇÃO


Sem exceção: Toda criança de entre dois e quatro anos de idade, pelo menos, é fascinada pelas palavras bunda, pum e cocô. Ao pum, prefere peido, mas isso é fácil de contornar, quando sabem que o sentido é o mesmo, sendo mais sonora e fácil sua pronúncia. O interessante é que a criança nem precisa ouvir essas palavras para se apegar a elas. Por mais que as evitemos, uma dia elas surgem gargalhando e dizendo-as, entre brincadeiras que as inserem de alguma forma.
Já é uma rebeldia ingênua da criança. Ela percebe que os adultos se incomodam, se não sempre, pelo menos vez e outra, especialmente quando há visitas na casa, e essa é uma forma de contrariar. Começam a descobrir que há um grande prazer em gerar contrariedade, o que se torna uma constante na adolescência, anos depois, e por toda uma vida, com mais ou menos intensidade. Em momentos como este, devemos encontrar a chance de convergir essa prática para algo mais moderado e até mesmo divertido e prazeroso para essa criança. Isso vai depender de uma grande sensibilidade, e valerá a pena, quando virmos que a prática acabou por se tornar até mesmo lúdica, educativa.
Criei, com minha filha Júlia, de dois anos e meio, três personagens: O Bundido, cuja característica sobressalente são suas nádegas caricatas e enormes; o Punzaldo e o Cocozildo, seguindo a mesma prática de fazer sobressaírem suas características de formas divertidas e caricatas. Desenhei essas personagens em papelão, recortei-as e dei-lhes voz, como se faz com fantoches. Chamei a Júlia, e sem proposta explícita apresentei-lhe os amiguinhos, fazendo-os conversar com ela. Júlia adorou a novidade, e já se passaram meses sem que isso deixasse de ser novidade para ela.
O fato é que a Júlia esqueceu de ficar falando ao léu e sem contexto, as palavras que não me incomodam, mas que em dados momentos são inconvenientes, já que a criança tende ao excessivo e ao renitente, justo por querer causar inquietação no adulto. Ela agora estabelece diálogos com as personagens e passa horas brincando com eles, criando as mais diversas situações, das quais participo quando estou disponível.
Há que se entender as inquietações de uma criança e sua carência de exteriorizar um mundo que as invade e tem que transbordar. Esta é apenas uma situação das inúmeras que surgem no dia-a-dia. Se perdermos a compostura e partirmos para a repressão aberta, seremos enfrentados. E olhe, que se não tivermos presença de espírito o nosso filho “vence” as “batalhas” travadas pelo seu desejo de exatamente nos tirar de nossa segurança e serenidade necessárias. 
No fim das contas, nossa criatividade para lidar com essas situações que envolvem a livre educação de nossos filhos resultará o incentivo à criatividade dos mesmos para a vida presente e futura. Afinal, educação é imitação... E no que é que desejamos ser imitados por eles? 

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