domingo, 18 de dezembro de 2011

VÍDEO-GAME


Nos dias que atravessamos, parece que o cheiro da batida Rosa de Hiroshima quase atrai as narinas da memória. Os aviões em combate parecem abelhas que a cortejam visando produzir um mel nefasto. Havemos, no futuro,  de colher essa rosa para fazer um cortejo a quem amamos. Gracejar, talvez, num suave malmequer, e plantar canteiros da mesma espécie, para serem alvos de nossa admiração.
Já meio se zomba da rosa primitiva, quando se encara de frente a mortandade destes tempos pós-luto sublimado. Quase nem se fala mais, da rosa ou do cogumelo, a não ser em dias de lembrança formal, instituídos por lei. Ao medirmos a miséria e seus efeitos ou prever o que o mundo ainda viverá, todo tipo de guerra se torna um vídeo-game aos nossos olhos frios e calculistas.
A guerra formal, aliás, tornou-se o que menos amedronta o mundo atual. A fome, as pestes resultantes da ação do homem, a violência social, as desigualdades, os efeitos da corrupção política entre outras, e tudo o mais representam algo bem mais terrível que os campos de batalha, propriamente. A Rosa de Hiroshima já não é o que há de mais nefasto na história da humanidade, nos últimos séculos.
Se não nos contivermos a tempo, faremos e veremos coisas bem mais aterradoras, doravante.

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