quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A LUTA JURÁSSICA DA EDUCAÇÃO


Quando a missão de educar se transforma em guerra sistemática entre os educadores e os ocupantes do poder, nenhuma dessas partes é de fato a perdedora. Quem cai mesmo por terra é aquele que sempre tem mais a perder. Está no centro da linha-de-fogo e recebe as “balas perdidas” que chegam de ambos os lados. 
Pois bem: Nos olhos desse menino ou menina que deixa de contar com o esmero do educador, porque ele não está sendo bem remunerado, existe uma brasa (que vai se apagando pela frustração) inicialmente bem clara quanto ao que procura: Quer de nós um impulso para o destino que a “boca-de-fumo” não vende nem ocasiona. Mesmo com a promessa de dinheiro, pura e simplesmente, às vezes rápido. Tão rápido quanto passageiro, sujo e letal. 
Posso dizer que a recessão de um país que geme sua fome ante o prato posto, mas fora de alcance, pode estar justo aí: No mero e formal duo “cuspe e giz” de quem apenas cumpre um contrato. “Ama” o que faz à medida de sua satisfação pessoal, sem entender que o educador tem que ser melhor do que os governantes e mercadores do saber. 
Se ninguém desfaz ou desbota esse saber, que é sagrado para nós, convenhamos: Tal imensa graça que nos dota e privilegia não pode ser sonegada. Nossa luta contra os descasos, as injustiças e mazelas do poder público são legítimas, válidas e necessárias, mas não devem passar pela retaliação aos que só contam conosco.
Há um sentido amplo que nos convida a transformar este mal que assola secularmente a sociedade, num todo. Ele bate às portas da consciência indolente de que existem quadros turvos, cruéis, baços e caóticos nos quadros da escola, por não sabermos separar abandono e reivindicação. 
O magistério não é o judiciário. Não pode ser frio nem impessoal. Tem que visar o aluno, acima das questões legais e trabalhistas. Será que já não é hora de renovarmos nossos instrumentos jurássicos, guturais de reivindicação e luta, para que esse fogo cruzado pare de matar o futuro de nossa infância, adolescência e juventude?

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