segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O FIO DO MACHADO DE ASSIS


Machado não rui. Jamais rui. Sua obra, tijolo por tijolo, foi construída sobre alicerce não perecível. É um escritor que nasceu eterno. É, porque não morreu. Descobriu a imortalidade nas nossas letras e a dividiu sem medo. Soube de chofre, que a imortalidade é divisível sem ter como efeito final a sua subtração.
Foi Machado de Assis quem desbravou, sem desmatar, a selva literária em que tantas "feras" do meio se digladiavam buscando posições destacadas. Fez-se rei da "selva" sem ter de trasladar o trono. Reinou - e reina - em harmonia com os que o aclamaram - e aclamam -reconhecendo o valor, o alcance e a consistência de seu legado.
Há um século Machado de Assis mudou de lado. Ou de plano. Tanto tempo depois, ele continua moderno. Ainda revoluciona. De todos os clássicos, por exemplo, é o escritor predileto entre os jovens estudantes de nossos dias.
O fato é que Machado corta o tempo com o gume afiado de quem conhece o tronco e a seiva de uma sociedade que não muda, em essência. Trocam-se o vestuário, as condições de moradia, os costumes, o linguajar e a cultura, mas a essência é a mesma. Ele sempre escreveu sobre a essência. O comportamento íntimo e insondável do ser humano.
Nosso Machado vence os anos, porque sua trajetória é superior. Derruba o mito inconcebível, no seu caso, do vencido e ultrapassado. Seu corte não nos legou lenha. Deixou diamantes literários. Históricos. Um passado com futuro perpétuo.
Para sermos sinceros sobre Machado de Assis, nada mais podemos do que delirar sobre ele. Descrevê-lo de modo menos subjetivo seria injusto. A objetividade o remortalizaria em nossas tintas. Ele não só está no além. Está além de nossas descrições.

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