sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O EGITO É ÁFRICA

Há uma história de nobreza e genialidade; riqueza e luxo; grandeza e glamour que envolve o Egito. Isso desperta a curiosidade e a paixão de pessoas no mundo inteiro, e de forma mais intensa dos arqueólogos e historiadores. O Egito mexe com o mundo. Mexe e desafia. Será sempre atraente falar do Egito, querer conhecer os seus mistérios e extrair o que se pode de sua riqueza cultural, além dos resultados econômicos, que sempre habitam as ambições humanas. 
O que me pergunto sempre, elaborando a resposta no ato da pergunta, é se não está nisto a razão dos contorcionismos que os escritores de livros didáticos fazem para que o Egito não apareça de forma nítida como país africano. É claro que sim. Preconceito. É a única explicação plausível para esse esforço global em prol da uma omissão, de um desvio velado que nos faz passar por toda a saga daquele país esquecidos de que se trata de parte de um continente que o mundo odeia por questões históricas que passam abertamente pelas ideologias que nunca deixaram de reger os conflitos de um mundo em disputa constante de poder e riqueza.
Lembrar abertamente que o Egito é África é relembrar que o continente já dominou o mundo. É dar muita trela para que países como o nosso recordem as influências africanas sobre nossos costumes, nossa cultura, nosso modo de vida e até mesmo a religiosidade. Talvez principalmente a religiosidade, que encobre outras ideologias, e que pauta até mesmo os cultos de correntes opostas, inimigas de longo tempo, da originalidade de sua fé. Também é lembrar que as superstições e crenças africanas regem a diversidade de nossas crenças.
Sobretudo, assumir o Egito por este aspecto é deixar de expor apenas os problemas, as misérias, as angústias da Etiópia, do Haiti e de tantos outros países que nos deixam condoídos. Só se quer lembrar da etnia africana como a que passa fome, a que foi escravizada, a que não tem aceso à cultura, à educação, ao conhecimento científico, à inclusão social, à dignidade humana.
Hoje quero lembrar que o Egito é África. Que a África é cultura, riqueza, grandiosidade. Que os livros didáticos são preconceituosos, separatistas, escravos da sociedade mundial que teme o continente africano. Por esse temor, o mundo empana, faz fumaça, lança véus, mas não se pode arrancar um país como esse do mapa. O buraco seria notado e ferida humana ficaria muito exposta.
Quando acabar o preconceito, sonho distante este, abriremos os livros escolares e leremos sobre o Egito nos mesmos capítulos que tratam de todo o continente, de uma forma igual. Não à parte. Não com a distinção que tenta “embranquecer” sua história para que ela valha aos olhos de um mundo Hitlista que tenta fazer sabão de uma realidade inquestionável.

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