segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

BRASIL DE NÃO BRASILEIROS


Nada ou quase nada sei sobre as bolsas de valores daqui, de Ohio ou de Tóquio. Sou, talvez, a pessoa mais leiga entre as de alguma bagagem cultural, no que diz respeito a produto interno, produto externo e mercado glogal.
O que sei (agora posso dizer que poucos sabem mais do que eu), é sobre o inferno que o supermercado deflagrou em meu bolso, vazio faz tempo. Enquanto as fichas padrão variam nas pesquisas que fazem, para satisfazer burocratas e simpatizantes populares, vou às compras e compro menos. O plano de saúde se torna inviável. Esse Brasil melhor do qual falam fica sempre mais distante. Vejo-o na falação dos noticiários, como imagino que um macaco olha o mundo ao se ver cercado pelo vai e vem da metrópole à qual muitos símios são condenados. 
Pesquisadores desenham meu país com rabiscos ligeiros, frios, calculando-o por metro quadrado. Entregam suas impressões colhidas em alguns dados e elementos aos que mandam nos destinos sociais de milhões. Com isso, como que decidem o futuro na utopia dos que sorriem aliviados porque ouvem dizer que o Brasil está melhor. Não sentem isso no bolso, no estômago, no dia-a-dia, mas ouvem dizer. Os meios de comunicação é que sabem. A oficialidade ordena esse conceito, essa crença, esse consolo psíquico dos que se cansaram da realidade
Nessa realidade indesejada, quem sabe se a pobreza está em alta ou baixa é a própria pobreza, perante a paisagem colorida ou deserta no mapa da mesa simbólica, pois quase sempre nem mesa existe.
Somente os que vêem as vidas de entes queridos serem estancadas nos traços de balas perdidas é que sabem de fato quais são os índices de mortalidade por violência urbana. É como a mortalidade por desnutrição e fome, abandono, doença. Fichas e números, discursos otimistas na tevê, ufanismos patriotas de mandatários políticos não correspondem ao quadro real das periferias e dos recônditos do Brasil.
O povo espera o dia em que fará parte desse país dos noticiários institucionais. Das matérias pagas. Das notícias de uma terra distante que o fazem pensar que está a seus pés, nos brados sórdidos em coretos de todas espécies. Especialmente os televisivos.

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