quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PELO AMOR IDEAL


Já deixei acertado em meu coração que não serei personagem da história nelsonrodrigueana que teceste pra ti. Nenhuma tragédia passional me arrolará como personagem de centro nem coadjuvante. Sequer o mais invisível dos figurinistas.
Buscarás outras linhas para compor teus triângulos patológicos. Meu olhar já divisa o segredo bizarro que te sombreia e toma consciência das fantasias só tuas, mas que lanças sobre os teus alvos fingindo que eles jogam teu jogo. Às vezes jogam, mas nem se dão conta. Não conseguem fugir da sedução desenhada por teus caprichos.
Tenho vida o bastante pra conhecer teus caminhos. Meus anos de mundo, estrada e dissecação dos fatos me deu bagagem para discernir um ser humano de outro, sabendo estudar a fórmula de cada comportamento. Descobrir a química dos vícios d´alma, evitando os nefastos.
Há na tua beleza um veneno oculto que só a mais profunda observação desvenda. Tua mansidão é bote armado e a sensibilidade ostensiva é canto de sereia. Sei dos outros ouvidos que esse canto fisga, para colecionar no fundo escuro do teu rio os espectros de apaixonados infelizes.
Determinei-me a fugir do abismo emocional; desse hospício afetivo destinado aos que se deixam levar por teu poder. Pela tua doença. Pela força imensa da fraqueza do espírito. Pelo mal que manipulas tão bem, forjando o bem que não fazes.
Meu coração me obedecerá. Minha razão regerá meu corpo. Será melhor companheira minha solidão. Continuarei no alpendre desta esperança que nutro, do amor ideal. Faço desta espera o motivo maior de jamais desistir de mim mesmo.

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