quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PARCERIA QUE SUSTENTA... OU SUSTENTABILIZA


Tenho certa paúra de palavras da moda, ou de ordem. A tal de sustentabilidade, por exemplo, que passeia nos lábios de quem sabe, mas também dos que não sabem o que significa. É o que leva muitos, por exemplo, a usá-la tão somente nas questões ambientais. No entanto, é algo tão simples que não queremos crer como não queremos ver que significa sustentação, equilíbrio, firmeza, embora o contexto queira se negar na burocracia dos discursos. Especialmente dos discursos escritos.
Gosto da palavra parceria, mesmo sabendo que ela também é um modismo. Felizmente, um modismo que aos poucos é substituído pelo primeiro vocábulo deste artigo, o que me deixa à vontade para falar a respeito, dentro de minha visão, deixando em segundo plano as visões política, empresarial e institucional. Dela depende a própria sustentabilidade, que não existe solitariamente. Depende o próprio mundo, que só avançou quando se descobriu o poder do coletivo, da união de forças, da cooperatividade, a junção de talentos e aptidões em favor do bem comum, para que todos possam desfrutar, individualmente, das conquistas de classes.
Parceria nada mais é do que a simples ação de todos por um todo. Juntam-se os sonhos que pairam dispersos, unem-se as mentes, os braços e as direções opostas, para que se conquiste um pacote de realizações. Depois do pacote conquistado, faz-se a divisão por características e porções pessoais. É aquela coisa simples da família na qual todos trabalham, têm suas individualidades, seus métodos e filosofias, mas o produto de cada um é depositado no montante que só será distribuído no fim do mês, depois que a família, em si, tiver feito uso do necessário para se manter como instituição que a mesma é.
É este o segredo das sociedades bem sucedidas: Estabelecer parcerias simples, como nas famílias. Isto quer dizer que tais sociedades têm sua sustentação na filosofia do lar onde impera a filosofia dos três mosqueteiros (um por todos, todos por um). Sociedades com altos índices de famílias estruturadas são também sociedades estruturadas. Nascem nos lares o bom e o mal caráter. As índoles corretas e as corruptas. As mentes sãs e as doentias, que contribuem para o bem das sociedades ou as destroem. Os lares distribuem para o mundo os conceitos retos e distorcidos que nenhum bando de facínoras poderá deteriorar nem as igrejas poderão corrigir, lá no âmago, ainda que possam conter pelo temor do inferno e dos castigos divinos por aqui mesmo.
Não é vazio este discurso. Ele apenas não é empresarial, institucional nem político. É visceral. Pode-se extrair sua essência e fabricar os discursos amplos, de alcance classista ou até mesmo universal, com os resultados próprios da eficiência de cada um que o fizer. Mas o essencial, mesmo, é que essa consciência já venha das famílias, em forma de ação, muito mais do que de palavras arrumadinhas como estas, que serão inúteis para conceitos já cristalizados.
Tomara que a instituição familiar avance em todo o mundo, para que o próprio mundo saia do ponto em que parou quando as famílias resolveram distorcer os conceitos de modernidade, tornando-se casas de membros individualistas, onde cada um leva seus tombos e muitas vezes não se levanta, por falta de parceria. Quando isso acontecer, o mundo refletirá outra realidade. Aí sim, será possível aderir, na prática, ao conceito eficiente de sustentabilidade, que não será somente uma palavra da moda.
Se a ingenuidade lingüística destas considerações incomoda, transforme-o dentro de si, quem quiser, em um desses discursos políticos que impressionam pela empolação e a burocracia das construções. Fazendo isto, continue complicando a vida, mesmo no que há de mais simples, óbvio e viável.

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