sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O ENDEREÇO DA FELICIDADE

Tenho certeza de que a máxima de que o dinheiro não traz felicidade foi criada por quem tem dinheiro. E muito dinheiro. Em proporções indecentes. Os ricos em demasia estão sempre desestimulando o crescimento da concorrência, porque isso resulta a divisão que eles temem, de uma torta que daria pra matar a fome do mundo, mas está nas mãos, nos bolsos ou nas panças de poucos, porque esses poucos sabem como usurpá-la dos demais herdeiros. 
Como não traz, se a felicidade está diretamente ligada à cidadania, que da mesma forma está ligada ao poder de consumo? Quem pode comer, vestir-se, desfrutar de lazer, pagar um plano de saúde, obter todo o conforto que o dinheiro oferece é feliz, sim senhor. Vemos todos os dias, tanto ao nosso redor quanto pela mídia, provas irrefutáveis de que a infelicidade, mundo afora, é resultado da fome; das doenças; dos conflitos; da falta de dinheiro para pagar pela vida em todos os seus quesitos, como dignidade, respeito, inclusão, estabilidade social.
O que não traz felicidade é a insatisfação que a ganância traz. Quando alguém "apodrece de rico" (e nisto a sabedoria realmente popular acerta), passando a colecionar bens e dinheiro que nunca o satisfazem, porque sempre quer mais, ainda que tire dos mais miseráveis, como fazem os políticos, esse alguém é infeliz. Tem na alma um poço sem fundo e nada poderá obturar esse flanco. É como quem come tudo o que vê pela frente e continua faminto. Tem uma úlcera, quiçá uma solitária do tamanho do todo, que só faz a fome crescer, indefinidamente.
Tudo bem  que não vamos tentar empobrecer nosso folclore extinguindo um ditado que nem sabemos de quando vem, mas podemos burlar o contexto distorcido e resgatar o estímulo para disputar nossa fatia da guloseima. Pois então vamos lá: O dinheiro pode não trazer felicidade para todo o mundo, porque isto seria muita moleza para os que valorizam o trabalho, a busca honesta ou a luta honrada pelo que sonham. Trazer, mesmo, é só para os que aprenderam a arte da usurpação do destino, golpeando os mais simples, honestos e trabalhadores...
... Mas o dinheiro nos leva, por caminhos ponderados, à felicidade que se guarda para os que sabem distinguí-la e fazer bom uso desse dinheiro. O que não satizfaz o bom cidadão é o tal do dinheiro ganho. Tem que ser dinheiro conquistado com mérito, justiça, consciência e responsabilidade. Limpo por natureza, e não lavado pelos artifícios próprios de burocratas e figuras políticas que sujam as páginas dos jornais que lemos; as telas de nossas tevês; as páginas da web; as salas e gabinetes dos palácios que fedem a má fé.

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