terça-feira, 3 de janeiro de 2012

UTOPIA REALIZÁVEL


Diante do contexto emprestado ao epísódio recente, no qual índios atacaram a golpes de facão um mediador de conflitos de interesses e ideologias, relembrei os antigos seriados americanos de eternos enfrentamentos entre entre índios e soldados. Eram heróis os soldados, que invadiam as reservas indígenas desmatando, construindo seus fortes, impondo sua cultura e a subserviência dos silvícolas. Eram vilões perversos os índios, porque se defendiam com flechas, tacapes e machadinhas, resultando algumas baixas no exército "cara pálida", quando eram massacrados pelas armas-de-fogo daqueles militares.
Também deploro qualquer tipo de violência, venha de onde ou de quem vier, gratuita ou não. Mas deploro igualmente a festa que se faz numa situação como essa, quando um povo que vem sendo dizimado há mais de quinhentos anos atinge um pico emocional, uma situação-limite, e desesperadamente ataca, imitando o que os poderes público e financeiro lhes fazem secularmente, sem suscitar escândalos e manchetes. "Índios atacam a golpes de facões!". Sim, atacaram a golpes de facões um homem  que está vivo, ativo, e não apresenta cortes profundos nem perfurações. Um homem de bem, pacífico, mas que pertence à mesma sociedade que os extingue, saqueia, engana e menospreza.

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