segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

VAZIO


Foram todos os beijos, todas as salivas,
águas-vivas brotadas de línguas-de-fogo,
todo jogo de corpo e percurso das mãos,
tantos nãos em gemidos temperando sins...
Foi um mundo só nosso, de gozos e seivas,
uma lavra de amor inundando canteiros
de sentidos acesos em nossas entranhas;
fomos teias, aranhas e caças felizes...
Era tudo prazer; nossas almas na pele;
nossos corpos em chama enfiados um noutro;
nossa vida igual rio correndo na cama...
Somos restos de nós; dessa farra que fomos;
temos hoje um vazio, este sulco da foz
que secou na distância, na sombra, no estio...

Nenhum comentário:

Postar um comentário