sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MALDIÇÃO DE POETA

Há certa maldição no ser poeta. É como se o mesmo carregasse todos os sentimentos do mundo e fosse cada pessoa que ele retrata em seus versos. Vivesse cada momento registrado por uma inspiração que nem sabe de onde vem; se da mente, as vísceras, o coração, a alma ou simplesmente a caneta.
O poeta magoa sem querer, quando seus versos são cruéis. Há em volta uma gama de sentinelas que decidem por ele a quem são dirigidos esses escritos. Pior ainda, existe sempre alguém que apanha um contexto, aponta para o próprio peito, como se fosse arma, e detona. Isso faz com que o poeta seja um constante "suicidador" a sangue frio.
Quando os poemas são de bom tom, dedicados aos seus afetos, tais afetos não os recebem como o poeta sonha. Frustram com gestos e olhares inesperados, todas as expectativas de quem derramou a própria essência no papel, para doar-se aos alvos dos sentimentos. O poeta é muito profundo para a superficialidade do alcance comum de seus escritos.
Estar poeta; simplesmente fazer poesia; visitar as bainhas do ser, de fato, não configuram exatamente um peso. Todo ser humano tem sua face poeta, e os seres humanos como ele podem compreendê-lo. Ser por inteiro, em essência, com toda a profundidade inerente a quem vendeu sua alma prá magia negra do poetar é que foge a toda compreensão humana.
Já disse, em poema, que o poeta é um "etê". E como "etê" que sou, é claro que não alcancei a compreensão humana. E houve protestos de pessoas, poetas interinos e passageiros da poesia. Eis aí a maldição: Ser poeta é ter falado pra ninguém, depois da nítida impressão de que falou pra todo o mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário